domingo, 28 de dezembro de 2008

Não seja uma vítima de seus preconceitos


Preconceito é um assunto que a maioria das pessoas repugna na frente dos outros. É o comportamento politicamente correto, ninguém quer carregar o rótulo de preconceituoso. Mas também preconceito é algo que todos têm, para o bem ou para o mal. Você não tem como saber se aquele médico é realmente competente, mas a forma como ele sorriu e falou com você te passou essa segurança. O sujeito que aparentemente estava te seguindo na noite anterior pode não ser um bandido, mas você correu mesmo assim. Preconceito é isso, fazer um julgamento antes de realmente conhecer. Ter um conceito antes de conhecer a pessoa/situação/lugar/coisa. Ter um pré-conceito.

É um assunto que normalmente é tratado na área da sociologia, em que se discutem desigualdades sociais, injustiças em relação à diferenças de crenças e cor de pele. Mas eu queria discorrer sobre isto de outra forma. Mesmo se você for um militante pelas causas sociais, deixe um pouquinho de lado sua faceta Marthin Luther King, porque quero falar como isso afeta as suas crenças e como isso afeta a sua capacidade de viver. Quero falar de preconceito em outro nível.

Estereótipos. Esta é a forma mais comum, mais mundana de preconceito. Está na mídia, nos filmes. Está na cabeça das pessoas. Desde a imagem do nerd de óculos, passando pela patricinha fútil ou o gordinho bobo. Influencia as pessoas. Ou vai me dizer que se aquele garoto, que é exatamente igual aos personagens da "Vingança dos Nerds", te dizesse que ele voa de para-glider todo final de semana você não ficaria espantado? Ou se o garoto negro com um estilo largadão aparecesse um dia com uma menina que já pousou para a Playboy você não ia começar a procurar motivos excusos da parte de um dos dois? O fato de você ter lido estes exemplos e dito para si mesmo que eles são impossíveis de acontecer já prova meu ponto: estereótipos influenciam a maioria das pessoas. Para o bem ou para o mal.

E estereótipos com certeza afetam a forma como as outras pessoas te vêem. Elas podem te tratar bem ou mal, desde que te conhecem, porque sua imagem, sua forma de agir, fez com que elas te associassem a um estereótipo que elas tem na cabeça de alguma forma. Você provavelmente já foi tratado de forma rude algumas vezes por gente que não conhecia, sem dar razão para isso. Da mesma forma, já houveram muitas pessoas que te trataram com a maior simpatia do mundo sem você ter feito nada demais. Não há muito que você possa fazer a respeito disto. Está na cabeça dos outros. Está fora de sua jurisdição.

Mas existe um conjunto de pré-conceitos que você mesmo pode controlar: OS SEUS! Seus estereótipos. Não é fácil de desmontá-los e começar a ver cada pessoa como ela realmente é, mas você pode fazer um esforço ativo nesse sentido. Mas existe um estereótipo que se você cuidar dele, isso fará uma grande diferença na sua vida. São aqueles em que você mesmo se encaixa, aqueles em que você mesmo se coloca. Os estereótipos que a vida fez você acreditar que são sua imagem, sua essência.

Já ouvi isso milhares de vezes. "Sou um gordo, nunca vou ser levado a sério.". "Do jeito que sou um magrelo e nerd uma menina como ela nunca vai olhar na minha cara". "Sou pobre, eu não pertenço àquela turma". Sabe o que é isso? É você se limitando, se colocando em uma caixa em que você só pode viver idéias pré-concebidas para personagens planos e sem profundidade, como em uma novela mexicana muito ruim. É você abrindo mão de viver como você realmente merece. Você abaixando a cabeça para o mundo, porque o mundo apontou o dedo para você e disse: é isso aqui que você é, então pegue seu crachá e faça seu papel.

Você não precisa fazer isso. Você não precisa viver a partir de um rótulo. Independente de você acreditar em predestinação ou livre-arbítrio, você deve saber que cada um de nós é único, cada um de nós trilha um caminho completamente diferente dos outros, por mais que na superfície possam ser parecidos. E esse caminho, essas experiências é que nos definem, que nos fazem ser o que somos realmente. Mas quando você se rende aos seus próprios preconceitos sobre si mesmo, você limita as rotas que pode tomar, você rasga o mapa para um pedaço que o mundo diz que você pode trilhar.

Surpreenda o mundo sendo você mesmo. Trilhando o caminho que você quer trilhar, com suas próprias vitórias e derrotas. É como diz aquele velho ditado: "quem se rotula, se limita".

Feliz 2009!

8 comentários:

Anônimo disse...

Descobri o site agora, bem legal. Sempre fui muito tímido, mas hoje em dia acredito estar superando minha "timidez". No meu caso acredito que era falta de confiança mais do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, acho que o site ainda vai ser bem útil pra mim. Vou tentar ler tudo :). Seria muito bom ter encontrado um blog como esse durante a minha adolescência...

E a coluna da Bel no "Ato ou Efeito" tem dicas muito boas no quesito relacionamentos, é sempre interessante ver o ponto de vista delas.

Sem querer ser chato, só um toque: "EsterEótipo".

coronel disse...

Opa, valeu pelo toque. Já corrigi.

Anônimo disse...

Eu to tomando effexor faz 5 semanas, continuo bem timido.
Vc conhece esse remedio?

Anônimo disse...

Eu sempre tive um pensamento sobre estereótipos na minha cabeça: "O peso da ignorância de um estereótipo não está em quem recebe, e sim em quem o aplica!"

Abraços!

P.S.: Fiquei lisonjeado que você leu e indicou minha matéria sobre timidez. Obrigado.

Anônimo disse...

O melhor post do blog até agora. Excelente. Parabéns Coronel.

Lydson Henrique San Miguel Garcia disse...

EU até consigo ser uma pessoa mais tolerante... faço como você disse, trato de entender a outra pessoa, poi ja sofri bastante preconceito e sei que não é uma das melhores coisas do mundo...


O primeiro passo é entender o que se passa antes de agir de maneira errada

Filipe disse...

Bom texto cara!

Lua disse...

Primeiro parabéns pelo blog!Não conhecia..concordo com tudo o que você falou, temos que parar com esse nosso excesso de autocrítica. No meu caso mesmo, várias vezes passa pela minha cabeça " ah, as pessoas não vão gostar de mim pq meu cabelo tá feio" ou " não vou falar com tal professor pq vou levar um fora dele".Com isso perdemos muitas oportunidades, sejam elas profissionais ou amorosas!